Esta coletânea é resultado de reflexões coletivas acerca da (in)segurança humana em contexto de riscos e de desastres no Brasil.
Trata-se de um profícuo diálogo do meio científico com o meio técnico e operacional, movimentos sociais e lideranças comunitárias. Tal diálogo teve origem no IV Programa de Estudos População, Ambiente e Desenvolvimento, organizado pelo Núcleo de Estudos de População (NEPO) da UNICAMP em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (NEPED) da UFSCar, e tomou corpo na elaboração dos onze capítulos desta obra.
Cada capítulo traz uma diferente perspectiva do problema, fruto tanto das distintas óticas disciplinares e teóricas dos autores quanto de suas distintas inserções institucionais e distintos contextos socioambientais e sociopolíticos que circunscrevem seu respectivo conhecimento empírico.
O intrincado e desafiador processo de produção social do espaço - que, no caso brasileiro, é caracterizado por uma frenética urbanização e é perpassado, ainda, pelas desigualdades e injustiças sociais - acentua os riscos, incluindo os riscos de desastres, do que deriva o aumento da complexidade dos problemas de segurança humana.
Para responder a indagações como quão insegura é a vida cotidiana dos grupos sociais cujo lugar é produzido às margens do Estado?, é necessário remeter ao processo histórico de vulnerabilidade e, desde aí, identificar a corrosão homeopática das promessas de cidadania a cada novo fator ameaçante que emerge dos meandros da modernidade anômala brasileira. Contudo, para responder a como um desastre amplia a deterioração social e as incertezas no horizonte de quem o vivencia?, é preciso mergulhar na experiência multidimensional dessa crise aguda, em que há um embate entre os atores na cena, dele extraindo a essência das armadilhas do desenvolvimentismo.
Não é apenas no fulcro das relações sociopolíticas implicadas na (in)segurança humana - que resultam em vulnerabilidades multifacetadas e inúmeros desastres - que os autores desta coletânea se debruçam. Eles dedicam-se, também, a partilhar com o leitor algumas estratégias comunitárias de resistência, bem como descrever algumas das políticas públicas levadas a cabo, nos três níveis de governo, e tidas, até o momento, como exitosas