Este livro nasceu de uma característica comum a nós duas, autoras deste trabalho: o propósito de ajudar o maior número de pessoas possível a despertar suas consciências para a importância do autoconhecimento, do autocuidado e do autoamor, integrando a dimensão espiritual a nossas vidas e a nossas vivências como terapeutas e facilitadoras de grupos.Poder aliar o conhecimento adquirido ao longo da vida e do nosso curso de pós-graduação à possibilidade de ajudar pessoas que têm pouco acesso a oportunidades como a que foi proporcionada no grupo que formamos para a realização de nossa pesquisa nos enche de alegria e gratidão, ao mesmo tempo em que nos recorda da responsabilidade que temos de continuar nossas jornadas de autodescoberta, buscando ampliar nossos horizontes intelectuais, emocionais e espirituais para sermos pessoas cada vez melhores. Motivadas por um mesmo ideal e pela certeza de que a psicologia transpessoal é uma das abordagens que mais favorecem o desenvolvimento das potencialidades humanas, decidimos aplicar suas técnicas e seus conceitos formando um grupo terapêutico para pais de crianças atendidas por uma instituição de ensino da cidade de São Paulo. Assim, buscamos desenvolver um trabalho de acordo com a visão integral do ser, que o considera em seus níveis físico, mental, emocional e espiritual, visando ao equilíbrio entre essas dimensões para alcançar uma conexão com nossa alma, com nosso ser superior, conforme a proposta transpessoal.***Sabíamos que o desafio seria grande. O primeiro obstáculo a ser transformado em ponte para o caminho de um novo conhecimento foi a escassez de material bibliográfico a respeito de grupoterapias baseadas na abordagem transpessoal. Além disso, apesar do apoio da instituição onde o trabalho seria realizado, corríamos o risco de não haver a adesão necessária para a formação de um grupo de pais. A primeira barreira nós vencemos a partir do próprio histórico da psicologia transpessoal, brevemente relatado no primeiro capítulo deste livro. Compreendendo que a quarta força da psicologia, como é designada a transpessoal, jamais invalidou os preceitos das escolas anteriores, como a psicanálise, o behaviorismo e a psicologia humanista, resolvemos recorrer às contribuições dadas por essas vertentes aos trabalhos com grupos.Assim, fundamentamos nossa pesquisa com base em materiais de estudiosos que investigaram o funcionamento das terapias e psicoterapias em grupo, tais como Enrique Pichon Rivière, Luiz Carlos Osório, Carl Rogers, Irvin D. Yalom e Molyn Leszcz, David E. Zimerman e vários outros autores de diversas áreas do conhecimento.Das terapias em grupo que trazem mais elementos da psicologia transpessoal, a terapia comunitária foi a que recebeu maior atenção de nossa parte, sendo descrita com base na obra de Adalberto Barreto, que se juntou aos demais autores da transpessoal, como Mani Alvarez, Stanislav Grof, Jean-Yves Leloup, Vera Saldanha, Pierre Weil e outros.Foi a partir dos estudos desses autores que construímos as bases da estrutura que sustentaria o nosso trabalho com um grupo de pais, utilizando técnicas da psicologia transpessoal. Assim a segunda barreira para a concretização do nosso trabalho foi vencida quando realizamos o primeiro encontro com a participação de seis pessoas, que foram convidadas a se olhar, não apenas como pais, naquele momento, mas principalmente como seres integrais em busca de uma maior consciência sobre si mesmos. Todo esse percurso foi trilhado com o objetivo de observar a eficácia da utilização de técnicas da psicologia transpessoal no trabalho com grupos, buscando analisar a percepção dos participantes em relação às vivências realizadas em grupo; contribuir para o despertar de suas consciências quanto à importância do autocuidado; e verificar a importância do grupo para o crescimento pessoal de cada um.