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O conflito travado entre Israelitas e Palestinianos tem, tecnicamente, cerca de 70 anos, mas as suas raízes são profundamente remotas. Imbuído de uma vasta e rica história, o seu respetivo processo de paz surge pejado de conceitos ímpares e politicamente sensíveis, tais como: direito de retorno, fronteiras contíguas, fronteiras seguras, zonas desmilitarizadas, requisitos de segurança; além disso, o conflito conta com atores como o Quarteto de Madrid, a Autoridade Palestiniana, a Fatah, o Hamas, a Liga Árabe, e Israel. Inclusivamente os mais sofisticados peritos e curiosos têm dificuldades em permanecer a par de todos os pormenores.
Aproximadamente um século antes da criação, em 1948, do Estado de Israel, a Palestina era administrada pelo Império Otomano, encontrando-se quase exclusivamente povoada de Árabes. Durante a década de 1850, Judeus começaram a instalar-se em pequenas povoações ao longo dos territórios tradicionalmente pertencentes à Judeia e à Samaria, e correspondentes à pátria bíblica do Reino de Israel e Judá. Estes esforços de aquisição de propriedade foram conduzidos por certos Judeus empenhados no restabelecimento da nação judaica na região. Estes Judeus denominavam-se Sionistas por referência a Sião, termo frequentemente confundido com o próprio Estado de Israel, mas que, originalmente, se reporta a uma colina de Jerusalém (Monte Sião). Os Sionistas estabeleceram o Fundo Nacional Judaico, dedicado a auxiliar colonos judeus na compra de terras na Palestina.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os Britânicos, por meio da Declaração Balfour, em Novembro de 1917, expressaram o seu apoio pela causa sionista e pela fundação de um Estado israelita na Palestina. À época, os Britânicos compreenderam a importância estratégica da Palestina (próxima do Canal de Suez), e assumiram que os Sionistas poderiam, no seguimento da guerra, ser aliados potencialmente úteis na região. Arthur James Balfour, ex-Primeiro-Ministro do Reino Unido e então Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, endereçou, a 2 de Novembro de 1917, uma carta ao Barão Rothschild, declarando, da parte do Governo, "simpatia pelas aspirações sionistas", e mostrando-se favorável ao "estabelecimento, na Palestina, de um Lar Nacional para o Povo Judeu", oferecendo auxílio na persecução desse fim.
Em 1947, os Britânicos delegaram a questão da partilha do Mandato Britânico às Nações Unidas, e a Assembleia Geral da ONU instituiu a Comissão Especial para a Palestina (UNSCOP). Por fim, a UNSCOP gizou o célebre Plano de Partilha das Nações Unidas de 1947. O Plano de Partilha concebeu dois Estados de aspeto peculiar, embora a intenção consistisse em criar um Estado de Israel com uma população maioritária composta por 55% de Judeus, e um Estado da Palestina com uma população maioritária composta por mais de 90% de Árabes Palestinianos. Por seu turno, a cidade de Jerusalém seria sujeita a administração internacional, atendendo às preocupações religiosas suscitadas entre Muçulmanos, Cristãos e Judeus. Além de abarcar inúmeros locais sagrados para os Cristãos, a cidade de Jerusalém alberga a Mesquita de Al-Aqsa, que, por sua vez, se situa junto ao Muro das Lamentações, de suma importância para os Judeus.
O Plano de Partilha foi aceite pela Agência Judaica, representante dos líderes da comunidade judaica na Palestina. No entanto, foi rejeitado não só pelos líderes palestinianos no Mandato, como também pela recém-formada Liga Árabe, uma confederação de nações do Médio Oriente, então composta por Egito, Líbano, Transjordânia, Iraque, Síria, Arábia Saudita e Iémen. Embora o Estado de Israel viesse a contar com uma população maioritariamente judaica, o sobrante do Mandato Britânico, após a independência da Jordânia, contaria com uma população de aproximadamente 67% de Palestinianos, o que, de acordo com os Árabes, seria vantajoso para os Ju