Na sua obra "A Riqueza das Nações" (1776), Adam Smith afirma que, na fase primitiva da Economia era a propriedade da terra, a única medida de valor possível de se utilizar para se realizar a efetivação da troca e que se baseava no tempo de trabalho necessário para que o indivíduo se apropriasse do objeto que a mesma oferecia.
Quanto ao lucro, Smith observa que esse "é totalmente regulado pelo valor do capital ou patrimônio empregado, sendo o lucro maior ou menor em proporção com a extensão desse patrimônio" (p.102). Isso se referindo às mercadorias tradicionais, não valendo a mesma tese para os lucros extraordinários, verificados nas atividades de produtos inovadores com alto grau de utilidade, e também, para produtos agrícolas que são cultivados em apenas algumas regiões do Planeta. Smith considera ainda que, a transformação da realidade verificada na cidade e que é resultado de profundas mudanças no processo de produção e da introdução de tecnologias cada vez mais avançadas, combinações e organização de novos processos de produção, intensificação da circulação de mercadorias, se verificou também no campo.
No capitalismo primitivo, o lucro máximo seria obtido pela minimização de custo. Nesse caso, imperava a assertiva de David Ricardo que defendia a tese de que, para maximizar o lucro, o capitalista tinha que procurar minimizar o custo, buscando manter ou aumentar, a relação inversa entre salário e lucro. Depois da introdução da máquina-ferramenta e do predomínio da mais valia relativa no processo de produção, como enfatiza Marx, essa máxima ricardiana perdeu sentido, uma vez que, jamais o capitalista conseguirá maximizar o lucro pela minimização de custo, mas sim, pelo aumento da venda efetiva de suas mercadorias e pelo surgimento de novos mercados potenciais de consumo, como evidencia Marx, em "O Capital".
Por seu turno, no cenário das atividades agrícolas o que passa a prevalecer para se gerar produção com maior grau de intensidade é a quantidade da terra utilizada para plantio e a busca pela melhoria constante da fertilidade do solo, o que, por seu turno, determina os ganhos da produção agrária de maneira vertical e estanque, dividida por estratos.
Considerando os estratos ou os setores da atividade agrícola, a parte mais custosa, mais trabalhosa e menos rendosa é o setor de plantio e da colheita, também chamado de produção de matérias primas ou commodities, onde a produção se comercializa de forma bruta.
As gradações que mais se beneficiam nessa parte do processo das atividades agrárias são o segundo, o terceiro e o quarto estratos. Exceto o setor de plantio e comercialização de commodities, os demais estratos são os que mais ganham lucros no setor agrário.
No Brasil, as inversões na área de commodities via ampliação do plantio em áreas novas causando destruição de florestas, nascentes, biomas, são apoiados porque, esse passou a ser praticamente, o único setor de produção que gera divisa para o País na atualidade, depois da internacionalização da economia pelo Golpe Militar de 1964, o que ocorre apenas na parte de plantio. Nos demais segmentos da produção de commodities, a matéria-prima existente e as empresas que atuam no setor pertencem às multinacionais. Assim, todo o seu lucro é destinado ao mercado externo gerando evasão de riquezas.
No Brasil fica retido apenas os tributos, a destruição das florestas, seu bioma e as dívidas com o setor de agronegócio, que é assumido pela população, além dos empregos gerados por essas atividades mas que, porém, não são muitos. É fato que o Governo não está interessado no prejuízo gerado pelo setor de commodities, mas apenas pelas divisas que são geradas, transformando a Nação num refém do mercado externo. Fato esse que é o cerne da questão e que levou o autor a publicar esta obra.