"Memórias de Outonos Dourados" é uma cativante antologia de crónicas que nos transporta de volta aos dias ensolarados e repletos de travessuras da infância. Ambientadas na pitoresca vila de Caneças durante os vibrantes anos 80, estas crónicas são um testemunho hilariante e comovente de uma época em que a inocência e a imaginação reinavam supremas.
Ao percorrer as páginas deste livro, somos guiados através das ruas familiares de Caneças, explorando o jardim do coreto e o antigo parque de areia como se fossem cenários mágicos onde as aventuras mais divertidas aconteciam. As roupas coloridas e ousadas da época, meticulosamente escolhidas pelas mães dedicadas, ganham vida nas descrições, proporcionando uma viagem nostálgica ao guarda-roupa peculiar dos anos 80.
As crónicas, escritas na primeira pessoa com um toque de humor e boa disposição, revelam o mundo encantador e por vezes caótico de uma infância plena de curiosidades. Desde peregrinações a Fátima até as primeiras idas ao dentista, cada capítulo oferece uma visão única, repleta de peripécias que nos fazem sorrir e relembrar os nossos próprios dias de criança.
Personagens memoráveis povoam estas páginas, desde animais de estimação travessos como o hamster chamado Fofinha e a cadela leal Best, até professores lendários como a imponente Rosalina Pereira, cujos óculos de secretária dos anos 60 e saia sempre impecável tornam-se ícones dessa jornada pelas salas de aula.
Os momentos solenes, como as visitas à igreja, ganham uma pitada de humor quando uma criança, impulsionada pela irreverência, causa alvoroço com portas batendo e caretas direcionadas à Nossa Senhora. As primeiras descobertas no jardim zoológico tornam-se mágicas, com tigres carinhosamente apelidados de "gatinhos" por olhos infantis cheios de maravilhamento.
"Memórias de Outonos Dourados" não é apenas uma narrativa de eventos passados, mas sim uma celebração da efemeridade do tempo e das pequenas alegrias que pontuam o caminho da infância. Ao encerrar o livro, o leitor é convidado a sorrir, recordar e, acima de tudo, apreciar a simplicidade e a magia que permeiam as páginas destas crónicas, criando uma obra que ressoa com o riso e a ternura das experiências partilhadas.