A paixão move o mundo. Tem gente que se apaixona pelo ódio, tem gente que se apaixona pelas coisas, outros por outras pessoas e há o louco que se apaixona por si mesmo.

Eu sou um sujeito estranho dentro da normalidade pré moldada pelo sistema e sociedade em que vivemos.

Eu vim da periferia de maioria da população negra, mas eu sou branco. Porém eu tenho o mesmo ódio opressor que o racismo estrutural causa no movimento negro. Essa é minha raíz, onde foi forjada minha personalidade. Não é preciso ser negro para ser anti racista e anti fascista.

Todo mundo, sendo considerado pessoa normal ou não, tem ódio em si. Por mais bondosa e caridosa que a alma seja, ela não aceita injustiça.

O grande lance é o que fazer com esse ódio que nos é imposto pelo sistema?

Sempre fui rebelde, hoje maduro só tenho mais consciência de que não posso carregar o mundo nas costas e resolver todos os problemas. Mas sei muito bem qual é meu lugar no mundo.

Nunca pensei que pudesse ser amado e acolhido como sou por alguém que não fosse minha família. Não sou uma pessoa muito fácil de lidar.

Curiosamente conheci essa pessoa iluminada e especial que tem um espaço dela no meu coração. O problema é que quem não sabe que pode ser amado comete muitos erros em dar amor.

Eu fiz o possível, mas eu deveria ter feito o impossível para ter ela ao meu lado. Mas deixei-a partir. Partiu meu coração também. Mas amor também é deixar ir. Cada pessoa decide sua vida e não se intrometer na decisão da outra pessoa e a deixar livre é o mais puro amor.

O problema é que fui criar essa consciência agora muito próximo da grande probabilidade de morrer por causa de um erro na juventude em me tornar tabagista. O vício que mais mata no mundo e me trouxe uma doença crônica pulmonar. E o pior em tempo de Pandemia mundial de Covid em que o vírus ataca brutalmente as vias aéreas respiratória.

E meu medo não é morrer, todo mundo morre. E nunca quem morre é a gente, é sempre o outro. Por exemplo, por causa da Pandemia, só no Brasil o vírus matou quase 700 mil pessoas e eu só tenho essa informação porque me mantive vivo. Se eu tivesse entrado para estatística, não saberia. Por isso digo que sempre quem morre é o outro. Quando eu morrer, pra mim acabou e quem ficar é que vai ter de lidar com o luto.

Meu maior medo é não ter dito o tanto de coisa que eu guardei no meu coração a minha grande amada e morrer como se não tivesse amado o suficiente. Afinal, não importa se você viveu horas ou mais de cem anos sua vida. O importante é o quanto amou e foi amado.

E eu sempre fui o valentão, o homem clássico que não demonstra afeto. E eu nunca disse a ela "Eu te amo!", por covardia, não por medo dela me rejeitar, mas por medo de como ela reagiria. E agora entre a vida e a morte vejo a tamanha importância disso e ao mesmo tempo vejo minha vida se desfazendo como pó em minhas mãos cerradas no deserto em meio a ventania.

E agora te dou a chance de ler o romance que nasceu em uma biblioteca e rever as prioridades da sua vida porque nunca é tarde.