About the Book
DescriçãoManuel Cafuas, funcionário público pouco dotado, com baixa autoestima, sente um desejo inexplicável de ser escritor. Um dos sonhos que teve prende-lhe a atenção: ia ele numa viagem de camioneta quando um tipo desatou aos tiros dentro da camioneta, a camioneta despenha-se por uma ribanceira e Cafuas vê-se, logo após, com uma pistola na mão, a arma do crime. Esse sonho é o resultado de um enorme sentimento de culpa que não sabe bem de quê. Recorda como foi chamado para o serviço militar em tempos da guerra colonial, como conheceu, na terra onde lhe tocou prestar serviço, Eulália, como se apaixonaram ardentemente, passaram a ter encontros secretos e como Eulália, apareceu inesperadamente grávida. Já a gravidez ia adiantada quando recebeu ordens de mobilização para a Guiné. A despedida foi dolorosa, fez uma viagem amarga em direção a esse cenário de guerra. Lembra-se da última carta que escreveu a Eulália e à qual já não teve resposta. Soube, através dos serviços de informação do exército que Eulália tinha morrido ao dar à luz. Os avós da criança não lhe prestaram qualquer informação nem lhe deram qualquer notícia do filho. Acabrunhado por estes acontecimentos, andava como que perdido. Foi então que, na passagem de ano, na festa organizada pelo aquartelamento, estava ele completamente ensimesmado a deixar ir a mente por todos estes eventos desagradáveis, se abeirou dele uma jovem de nome Benedita, filha duns comerciantes portugueses da metrópole, que lhe foi, pouco a pouco, desviando o pensamento daquilo que o magoava e entristecia e o fez regressar à vida. Namoraram, confidenciaram cada qual a sua vida, porém, nunca o Manuel Cafuas foi capaz de lhe revelar a existência daquele filho. Casaram-se em Portugal, exigência de Benedita. Quando nasceu o Augusto, o mais novo, já o relacionamento do Cafuas com a Bendita se foi deteriorando até não haver mais nada entre eles. Conheceu então, num passeio organizado pelos serviços, Maria Viterba que, em breve tempo, se tornou sua amante. Mas a sua imaginação estava ferida e, ao escrever o que foi a sua vida e a da família, sente que uma qualquer força o leva a dar aos filhos uma vida em progressiva degeneração. Excetua-se a Rosa, a filha mais velha, casada e com duas crianças que o tratam por Bunelo. Supersticioso como o diabo, agarra-se ele a um amuleto que o Bentes, uma espécie de feiticeiro lá da terra, lhe vende. E começam então as coisas a correr mal e cada vez pior. Primeiro é a Virgínia que desaparece e raras vezes dá sinal, quase ao mesmo tempo a Goreti é atacada por uma agorafobia, depois é o Gilberto que, de repente, se quer casar e sair dali para fora, finalmente é o Augusto que, do pé para a mão, desiste do curso de direito e vai viver coma namorada. Entretanto já a Goreti fora internada, durante o tempo em que o Cafuas tinha ido, convocado pelo hospital, a dar destino ao corpo da Virgínia. A ação precipita-se. Primeiro aparece-lhe em casa o homem da pistola, que se identifica. E, a propósito de a Goreti se encontrar internada num hospital psiquiátrico, o Cafuas aproveita e vai tendo umas conversas com o médico que a assiste, lhe explica o problema da filha e vai tentando explicar-lhe também o dele, Manuel Cafuas. Talvez o amuleto resolva o problema da Goreti, pensa ele, e ela feche os olhos de vez. Entala então o amuleto debaixo do candeeiro da mesa de noite e sai do hospital em direção a casa. Batem-lhe à porta dois polícias para procederem a uma buscazinha. Os polícias descobrem que a casa tem um sótão e pedem-lhe um escadote com que possam aceder a ele. Com um detetor de metais, descobrem a arma da crime. Deixa então os polícias no sótão, mete-se no carro, passa pela loja da Benedita e fogem os dois para a Guiné, de regresso ao início de tudo. E decidem recomeçar a história. Pede então Manuel Cafuas aos leitores que sejam eles a contá-la, e que lhe preservem a Rosa, a f