"Não podemos compreender-nos fora da História. Não podemos conceber o historiador acima da história, pois o historiador é ele mesmo historizado" (Edgar Morin). Qualquer analise realizada ao significado da educação, obriga-nos a uma analise pessoa em simultâneo, nomeadamente, no que respeita aos nossos valores e objectivos, enquanto indivíduos e cidadãos. E actualmente, muito mais que antes, a ideia de uma pluralidade dos encaminhamentos históricos tem que estar associada ao pluralismo das culturas. A humanidade tem que evoluir como um conjunto unido.
Este tipo de análise torna o confronto de diferentes perspectivas sociais inevitável, e é na educação que um acordo se torna possível.
Para Durkheim, "educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão maduras para a vida social, tendo, por objectivo, suscitar na criança um determinado número de estados físicos, intelectuais e morais que a sociedade política, no seu conjunto, e o meio social, ao qual está particularmente destinada, reclamam." Já a Liga Internacional da Educação Nova considera a "educação como um conjunto de metodologias que visa favorecer o desenvolvimento tão completo quanto possível das aptidões de cada pessoa, simultaneamente como indivíduo e como membro de uma sociedade regida pela solidariedade. Para este movimento, a educação é inseparável da evolução social, constituindo uma das forças que a determinam."
Por volta dos anos sessenta, parece poder estabelecer-se uma distinção do seguinte tipo: enquanto que a educação se prende com o campo da acção, a pedagogia encontra-se completamente voltada para o campo da reflexão. É, no entanto, inviável a sua completa separação, uma vez que a acção e o pensamento constituem duas faces de um mesmo processo. Esta última conclusão conduz a uma expressão aglutinadora dos dois conceitos que começa a espalhar-se: Ciências da Educação.
Nos últimos decénios, a noção de educação alargou-se, estabelecendo relações com as disciplinas científicas tradicionais. Tudo isto levará ao problema da autonomia das Ciências da Educação. As ciências da Educação têm sido nas últimas décadas alvo de muito investimento e investigação mas também de muitas críticas e contestação.
Nunca iremos perceber o lugar das Ciências da Educação enquanto insistirmos em comparações com outras áreas do conhecimento que a constroem mas não a definem, e na qual a mesma se baseia sendo ao mesmo tempo original e única. Tudo respeita á diferença de perspectivas e ao carácter único desta área científica, que se mostra pertinente num mundo complexo e multifacetado, carente de uma linearidade condutora integrativa de várias aprendizagens cientificas contraditórias. Tudo parte de uma concepção de humanidade segundo critérios históricos irreversíveis para se chegar a uma sociedade que carece de critérios explícitos e claros que se tornem um espelho do próprio progresso.
Esta obra propõe uma reflexão sobre o significado das Ciências da Educação nos tempos actuais.