Mais do que uma resenha, com relato de lances decisivos e destaques dos jogos, o livro Historiando as Copas (216 páginas, Ojuobá Editora), autoria do jornalista Zédejesusbarrêto, é um resgate pretensamente histórico de cada uma das 22 copas do mundo de futebol masculino, desde o Uruguai em 1930 até o Catar em 2023, contextualizando-as no tempo/quando e no espaço/onde aconteceram.
Mais que jogos de bola, as copas tornaram-se eventos esportivos globais, acontecimentos e manifestações culturais com feitios de artes e negócios, artimanhas dentro e fora dos gramados e muito congraçamento, mistura humana. Espetáculo, indústria do entretenimento, muitos interesses envolvidos. Para que possamos compreender a grandiosidade e o luxo da Copa no mundo árabe é preciso saber como tudo começou, no Uruguai, e foi crescendo a cada quatro anos.
- Por que a primeira Copa aconteceu no Uruguai, um fim de mundo planetário em 1930; como a Itália mussoliniana papou um bi antes da Segunda Grande Guerra; o dia em que um Brasil inteiro chorou de ouvido colado no rádio no maracanazzo de 50, querendo Getúlio de volta; a super Hungria do soldado Puskas; a 'era' de glórias do Rei Pelé, da bossa-nova aos porões; os garrincheios de Mané pra Elza; os embates europeus na guerra-fria, os milicos no comando da latinoamérica, a mão santa de Maradona vingando as Malvinas, o nosso tetra na terra do Tio Patinhas, o enigma do chilique de Ronaldo no título de Zidane, o reatamento Coréia-Japão e nosso penta na Ásia, as vuvuzelas zoando o racismo na África do Sul, os vergonhosos 7 x 1 dos alemães no governo Dilma, os negão da França desfilando no império de Putin... e 'La Pulga', Messi, coroado no Catar islâmico. Quer saber? São alguns petiscos da obra.
As Copas do Mundo do Futebol mostradas numa linha de tempo, com as mudanças econômica, políticas, as transformações sociais e toda a evolução tecnológica da humanidade em quase um século de bola rolando. Até porque o mundo, o planeta é uma bola, em constante movimento, não para. No começo, era aquela pelota capotão de couro cru costurada em gomos, chuteiras que pareciam botinas, campos desnivelados, jogo bruto, comunicação via telégrafos, rádio em OC, OM, apitos encomendados... até chegarmos a uma serelepe Jabulani, chuteiras de pelica, relvados em tapetes, transmissões ao vivo para o mundo em vários ângulos e idiomas, celulares, bolas com chips, o VAR, o luxo das arenas, o futebol enfim como o esporte mais popular da terra, unindo continentes, e a Copa tornando-se o maior espetáculo esportivo do planeta.
E teve mais a evolução do jogo em campo, no aspecto tático e coletivo, no condicionamento atlético, a moderna medicina e fisioterapia esportiva, os astros bilionários, as estruturas montadas, arenas confortáveis, um chip novo, o reino encantado da bola. Tudo pincelado no livro, com linguagem simples, direta, agradável até mesmo a quem não se diz torcedor.
O livro Historiando as Copas nasceu de crônicas, resenhas, coberturas jornalísticas publicadas no site Bahiaja, criado e coordenado pelo jornalista Tasso Franco (fundador também da editora Ojuobá), no qual o autor do livro tem uma coluna fixa de Esportes. Com a motivação da Copa do Catar, estimulado por Tasso, o autor foi fuçar escritos, pesquisou livros, revistas (Placar, Manchete...), recortes de jornais de época guardados, reviu vídeos e jogos de copas passadas, aprofundou-se, resenhou cada lance nas arábias e foi cuidar da arrumação dos capítulos, em ordem cronológica, de adequação de texto, atualizações, títulos, ajustes e tocar a edição final com Tasso Filho e Vitória Giovanini, responsáveis pelo design gráfico, editoração e capa.
Boa leitura, pois, é como uma viagem no tempo, como ver um clássico, futebol bem jogado, bola redonda.