Todos têm uma imagem simplificada da história de Palmares, que é basicamente assim: um grupo de escravos foragidos, comandados por um heroico líder, resiste corajosamente durante anos até ser destruído. Este líder, Zumbi, entra para a história do Brasil como símbolo da liberdade e da resistência contra seus opressores. Uma lenda curta e eficaz, que dispensa maiores detalhes para ser contada. No livro A FÊNIX NEGRA - PALMARES REVIVIDO o autor nos traz um olhar muito mais amplo e profundo. Passando por todos os períodos da longa trajetória de Palmares, ele realça aquilo que a narrativa oficial omitiu sobre a grandeza desta epopeia genuinamente brasileira. Enquanto inúmeras sagas estrangeiras fascinam legiões de leitores e cinéfilos, uma grandiosa saga nacional permanece quase inteiramente desconhecida do público, sobretudo dos mais jovens. Aqui a história de Zumbi, Ganga Zumba e outros importantes personagens aparece pelo avesso, contada pelo povo sem voz que eram os próprios quilombolas, cuja maioria não era de foragidos, mas sim de indivíduos livres, empreendedores e guerreiros que se espalharam pelos planaltos nordestinos no século XVII. Cem anos de uma movimentada história desfilam diante do leitor num ritmo alucinante. Personagens reais se juntam a personagens fictícios para contar como aquele empreendimento coletivo de ex-escravos resistiu por mais de um século ao poder colonial. O livro descreve a formação, a ascensão e o declínio de Palmares, expondo as relações as paixões e os conflitos que conduziram o destino daquela república de homens livres encravada no nordeste do Brasil. A leitura nunca é árida, porque o leitor está sempre dialogando com personagens marcantes e mergulhando em cenários naturais magníficos. À medida que a obra se fecha em torno do leitor e o envolve no seu mundo singularmente bem construído, ele se esquece de que é leitor e se torna um espectador privilegiado da história e, não raro, seu personagem. Esse efeito mimético - uma ambição constante do cinema - é muitas vezes alcançado nas mais de quatrocentas páginas do livro. Com seu ritmo acelerado, seus perfis psicológicos bem traçados, seus cenários monumentais e ao mesmo tempo desoladores, suas cenas de batalhas, seus diálogos fluidos o livro é uma afirmação de que o passado está em constante transformação à luz das novas fontes e tecnologias que surgem continuamente e nos permitem reaprender o que julgávamos saber.