About the Book
Ter vontade de crescer, amadurecer e envelhecer: as estórias que assemelham-se a fábulas, quando encontram você, obrigam-na a fazer uma pausa e vibram dentro de você, como se fossem bordados antigos.Qualquer que seja sua idade, aquela que você aparenta, aquela que você decidiu recitar ou inventar, as fábulas nos transportam para trás no tempo e nos obrigam a olhar o mundo com novos olhos. Aconteceu também a vocês, lendo as Estórias da Lagoa, de entrar em um espaço onde o tempo perdeu a cadência, ritmo e significado? Entretanto, o tempo estava ali, presente, absolutamente tangível. E, enquanto lemos as estórias da Fosca, Do Giuliano, do Ugo e Sebastião, foi impossível não reconhecê-los em seus hábitos, nas quedas, e na beleza da qual o homem é capaz. E tudo isto além e acima do Tempo e do Espaço. Encontramos Fosca, a mosca, cujo irredutível desejo era ver sua espécie apoderar-se da Lagoa; e Sebastião, a gaivota pregadora, com a necessidade de exercitar um poder pessoal através da superstição, do medo e da submissão; e o Peixe cuja violência o degrada a ponto de não merecer um nome ( como a serpente que supervaloriza a vontade de viver de Rodolfo, o esquilo).Os encontramos próximos à Lagoa e não nos agradam!. Porque já os conhecemos. Porque alguns deles- com aparência humana e diferente- entraram em nossas vidas com prepotência. Os vimos, talvez fantasiados de homens, inventarem-se falsos deuses e falsas mitologias para fazerem-se adorar e serem obedecidos, os vimos reunirem-se em grupos e pretenderem ( como as moscas da Lagoa) serem melhores em virtude dos seus berços, ou da cor das suas peles, ou das línguas, ou dos seus " pertencem a". Não, não são amados! Porém, dentro de uma fábula, fomos capazes de imaginá-los derrotados e de pensar em neutralizá-los. Até naquele tempo suspenso e naquele espaço ideal, pudemos olhar através do espelho a pessoa que gostaríamos de ser, o Grande que queríamos ver crescer. Podemos escavar um sulco que divida o Bem do Mal, aquilo que è certo daquilo que é errado. Para isto serve uma estória que vira fábula, a sermos melhores quando sofremos com Pino, que não se conforma em ser coelho e desafia a si mesmo para assemelhar-se a uma lebre, mas encontra a maldade de quem não sabe o que é "sonhar". Nos enternece Martino, o porco-espinho, e seu medo de ser ferido e o julgarmos "medroso" demais, repensando em nós mesmos quando o medo se volta contra nós, nos causando tanto mal.E somos orgulhosos de Betta, a sábia coruja, que resgata o mundo feminino da aborrecida arrogância dos "sábios"; mesmo da libélula Lilli que aprendeu a cantar por amor à música, mesmo se a natureza não a favoreceu. Agrada-nos a alegre compreensão da aranha Gioconda que sorri, a despeito da ingratidão e do egoísmo superficial. Perdemo-nos nesta Lagoa que tornou-se o espelho para reconhecer e nos reconhecer. E ali reconhecemos todos os animaizinhos que a povoaram. Nos perdemos para nos reencontrarmos neles.E foi maravilhoso! Aquilo que não sabíamos e que somente no último instante nos foi revelado, nos permitiu viajar dentro do sonho de alguém.Dentro da pura imaginação de quem queria caminhar, correr, voar, encontrar, mas não o pôde fazer e que nos ensina a viver alem do limite do conhecido.
About the Author: Sim, é verdade: antes ou depois, todos têm a tentação de escrever alguma coisa, só para dizer que "também estive neste mundo". E assim aconteceu comigo há cinqüenta e dois anos. Não sou escritor, ou ao menos por enquanto não vejo esta atividade como algo que me permita vivenciá-la. Gosto da visão de escrever dos antigos romanos: Òcio, não Negócio e como Òcio - ou realmente satisfação íntima - mais importante do que algo que permita vivenciar ( desde que haja realmente algo para vivenciar). Assim, vocês podem definir-me tranquilamente como diletante, um amante das belas artes...e não me sinto ofendido . Para voltarmos ao ponto de partida ( nunca permitam que um escritor se delongue, se detenha sobre um assunto) como primeiro trabalho escolhi uma " bella gatta da pelare", ou seja. enfrentar um desafio: escrever em forma de fábula. No início tentamos - lhes asseguro - escrever um lindo romance de trezentas páginas, nas quais contávamos a nossa vida . Bem - pensei - talvez isto interesse só a mim, ou talvez a um amigo de infância, ou, sob pagamento, a alguém para imprimi-lo, porem a poucos mais. Então, decidi dizer aquilo que tinha para dizer, de uma forma mais difícil para escrever, porém mais simples para ler: a fábula. O objetivo das" Estórias" é poder contá-las às nossas crianças, aos nossos jovens e, ao mesmo tempo, refletirmos um pouco sobre o conteúdo, quem sabe encontrando algum traço de nós mesmos que, no decorrer da vida, se perdeu um pouquinho. Se eu consegui? Julguem vocês.