Uma das mais importantes dádivas garantidas ao homem é a sua capacidade de sentir dor. Graças a uma série de mecanismos distribuídos através do seu corpo orgânico, o homem é capaz de sentir desde um estímulo de intensidade não traumática, até o máximo de um contínuo de dor que possa simplesmente enlouquecê-lo. Esta capacidade não é nada mais nada menos do que uma proteção do organismo que se substabelece em forma de sinalização sobre pontos de "ataques" perigosos que possam danificar ou deteriorá-lo de alguma forma. A capacidade de sentir dor, entretanto, pode ser alterada por uma grande variedade de anomalias que tendem a interferir ou mascarar a percepção de dor em muitas situações. Bears e associados (2002), relatam o caso de uma mulher que por não poder senti-la, veio a morrer na plenitude de seus 28 anos, morte provocada por uma infecção não detectada no tempo devido. Mesmo sem ter relatado, durante toda a sua vida, qualquer tipo de dor, ou passado por doença séria, em pouco mais de dois anos, a antes saudável, inteligente e predisposta mulher veio a falecer em decorrência de um mal orgânico o qual, quando da sua descoberta, já estava em um estado de deterioração extremamente avançado. Visto sob este contexto, o ato de sentir dor é, antes de tudo, uma providência divina que "equipa" o nosso organismo com esta competência. Por outro lado, a dor física que garante, em grande parte, a nossa condição de viver não é um estado de preferência de qualquer indivíduo, salvo em condições especiais e premeditadas como no caso do sadomasoquismo. Na verdade, esta condição é para a maioria (se não para todas as pessoas) um estado indesejável e temerário. Todavia, ninguém (com raras exceções) no curso da vida fica livre de ser acometido por estados álgicos uma vez que mesmo o ato de nascer já promove condições de dor, a qualquer parturiente, cujo cessar normalmente depende de intervenções adequadas e, em muitos dos casos, bastante meticulosas e custosas. A dor está presente em todas as instâncias do nosso viver e raramente passamos um dia sem senti-la, isto devido ao fato de que, em nível álgico bem baixo, em grande parte da nossa vida não a percebemos como tal. Em um aparente paradoxo, em muitos casos um profissional da saúde que diretamente interfere na cura e/ou minimização de estados de dor em seus pacientes, precisa impor, aos mesmos, momentos angustiantes de dor que necessariamente precisam ser efetivados antes da obtenção da cura e/ou da cessação da dor sendo tratada. De qualquer forma, a tarefa deste tipo de profissional é uma das mais nobres das que se tem conhecimento, uma vez que a dor, muito mais que um estado que interfere com a vida humana, tem também repercussões de ordem psíquica que podem ser muito mais severas do que as de ordem física.Por assim ser, através dos tempos o homem tem cada vez mais buscado entender as relações neurofisiológicas e formas de tratamento que possam ajudar no combate e prevenção deste indesejável mal. Este livro representa um esforço nesta direção. Perspectivos leitoresEste livro se destina a estudantes na área da motricidade humana, principalmente àqueles em Educação Física, Medicina, Fisioterapia, e Terapia Ocupacional. Por não ser um livro texto, alguns capítulos terão direcionamento mais adequado à profissão específica, embora todos eles possam ser interessantes mesmo para estudantes de outras áreas de estudos relacionados à saúde humana.Abordagem do LivroEste livro está dividido por capítulos enumerados de 1 a 4, quando incluídos os seus dois volumes, todos introduzindo, ao leitor, uma ampla discussão sobre a DOR analisada sob uma perspectiva neurofisiológica e/ou somatofisica, expondo algumas formas de intervenção e tratamento deste mal.DedicatóriaA todos os nossos mestres que nos ensinaram a pensar em construir o presente e aos nossos estudantes que construirão o conhecimen