"A vida não examinada não vale a pena ser vivida", disse Sócrates em seu julgamento, quando preferiu a morte ao exílio.Hoje, felizmente, não temos que fazer esta opção, mas de certa forma, muitas pessoas escolhem "não estar vivas" de verdade, porque quase nunca estão presentes, de forma consciente. Perambulam pelo mundo como zumbis, com convicções convertidas em certezas e opiniões disfarçadas de conhecimentos.Somos seres fadados a viver com incertezas, que muitas vezes se transformam em angústias. Criamos diversos artifícios para lidar com elas ou simplesmente esquecê-las. Mas as incertezas existem, e são a essência do viver, na medida em que nos impulsionam para uma fé mais profunda do que qualquer religião possa expressar. Pois, apesar de não entendermos muitas coisas, de não controlarmos grande parte de nossas vidas e nem mesmo sabermos quanto tempo temos, criamos um mundo próprio, como se fôssemos eternos, acreditamos sempre no amanhã e fazemos planos.O mundo que criamos é assaz complexo, mas estamos sempre procurando receitas simples para lidar com ele. Criamos zonas de segurança e de conforto, mas muitas vezes nos colocamos em zonas de mediocridade, quando nos esquecemos de nossa natureza maior e deixamos de pensar com uma visão mais consciente sobre o que é real.Neste que é meu primeiro livro, talvez o único, convido os leitores a fazerem algumas reflexões sobre temas que fazem parte desse mundo, enfatizando o eterno conflito entre individualismo e coletivismo, buscando uma abordagem mais pragmática e menos judiciosa quanto possível.Serei extremamente repetitivo em dizer que não se trata de um livro de "autoajuda" e, portanto, não ousarei dar receitas de felicidade ou sucesso. Não pretendo definir certos e errados, nem tampouco, negar, construir ou alterar crenças e religiões, muito menos posições políticas e ideológicas.O que proponho é tão somente expor alguns conhecimentos e ideias para exame do leitor. Tenho convicção de que cometerei erros, mas quem nunca erra é quem nada faz, e mesmo os erros nos ensinam, às vezes até mais do que os acertos.Há uma grande benevolência no simples fato de estarmos vivos e contemplarmos toda a criação, mesmo não compreendendo o seu sentido e sem um manual claro de como tudo funciona. Viver é uma grande aventura e uma grande bênção, quando olhamos para ela com o esse olhar de agradecimento.