Livro anteriormente publicado como "Andreas", de "Alexandre de Souza Mattos".Andreas tornou-se uma persona invisível. Ao decidir me comunicar com o leitor na primeira pessoa, assumindo minha identidade, rebaixei meu outrora personagem principal a mero coadjuvante: presente no título, prólogo e posfácio... mas ausente da história. Andreas, no entanto, habita cada linha deste livro. Cada um dos seis capítulos descreve, ainda que subliminarmente, como seria o seu mundo. Haveria uma brisa suave e contínua, como a brisa de outono. O sol, sempre oblíquo, resvalaria em nossas peles sem ferir nossos olhos. Talvez como na Finlândia... ou Punta del Este, Uruguai. Haveria uma trilha sonora com playlists surpreendentes. As mulheres seriam misteriosas o suficiente para que nos apaixonássemos por elas, mas também previsíveis o bastante para podermos marcar encontros. Cãezinhos de estimação nunca morreriam de câncer. Os bichos viveriam em esplendorosa harmonia. A cadeia alimentar seria apenas um conto de terror, a desaparecer para sempre no incêndio de uma antiga biblioteca assombrada. Inexistiriam os elementos imediatistas do universo, tais como as explosões, o açúcar e o sexo. No lugar das bombas, movimentos em câmera lenta. Ao invés de açúcar, um dulçor permanente dos alimentos. Em vez de sexo, o fitar hipnótico dos olhos. Nossos projetos seriam todos factíveis. O cinema cederia lugar a um teatro onipresente, com cenários ao mesmo tempo reais e fantásticos, onde os atores interpretariam a si mesmos... Talvez este livro seja uma tentativa de contato, um grito literário com o intuito de conectar-me novamente à minha persona, meu alter ego. Ao longo da vida, somos esporadicamente envolvidos por momentos mágicos. Beleza e mistério se unem para entorpecer os sentidos, mostrar-nos que há algo além da razão pura, do cálculo frio, das certezas científicas. Estou convencido de que, ao buscar algum rumo para nossas existências, é nos momentos mágicos que deveremos procurá-lo. O mundo não teria a menor graça sem essas microrrevoluções oníricas. Nietzsche certa vez escreveu que, sem a música, a vida seria um erro. O mesmo se pode dizer da beleza e do mistério. PS. Já perdi as contas de quantas edições foram necessárias para eliminar todos os pequenos erros... Como a atualização do Kindle Create não tem funcionado, pelo menos pra mim, a cada revisão eu praticamente tenho de lançar um novo livro. Começo a desconfiar que esse bug seja uma artimanha da Amazon pra surrupiar os meus royalties... (brincadeira, Amazon... Rs).