About the Book
Quando fala-se de filosofia, obrigatoriamente fala-se do homem. Do mesmo modo, quando fala-se de antropologia, a afetividade, que defino-a como a relação entre a subjetividade tendente e a realidade, está implicitamente presente. Porém, no indagar filosófico, ao longo dos tempos, esta componente do homem tem vindo a ser mal interpretada, caindo-se, assim, em dois extremos. Um reduz o homem a esta componente, caindo-se assim numa espécie de monismo, ou, se queremos ser mais precisos, num tipo de materialismo, sentimentalismo ou psicologismo. Em contrapartida, o outro, defendendo uma visão dualística, não lhe atribui qualquer significado, considerando-a, desta forma, como uma componente que opõe-se à razão, ou se preferimos, irracional. Numa perspetiva filosófica realística, elimina-se qualquer tipo de reducionismo, em relação à abordagem desta componente humana. Assim, tendo em conta esta perspetiva, deve-se considerar a afetividade como uma componente essencialmente "não racional", ou seja que não tem origem na razão. Porém, isto não significa que ela seja indiferente à razão e vice-versa. Pelo contrário... Neste sentido, a afetividade deve ser sempre 'integrada' pela razão. Já a razão, ao invés, não deve ser surda à voz da afetividade. Deve sim, em contrapartida, escutar sempre aquilo que a afetividade transmite.O mapa afetivo da pessoa humana é muito vasto e complexo... Ora, se analisasse com detalhe todo o mapa afetivo da pessoa humana, correria o sério perigo de entrar numa aventura que apenas conheceria o seu fim a longo prazo, algo que poderia aborrecer o leitor.Desta forma, por estas razões, decidi apenas analisar alguns temas da afetividade, mais concretamente aqueles que nos dias de hoje tendem a ser mais mal compreendidos e que, neste sentido, podem condicionar a autorrealização da pessoa humana, como por exemplo, as particularidades especificas do mapa afetivo do varão e da mulher, o amor, o enamoramento, a amizade intersexual e a felicidade.Existem vários filósofos que abordam estas temáticas... No entanto, querendo usar um método filosófico realístico, cheguei à conclusão que a filosofia de Julián Marías seria aquela que estaria nas melhores condições para poder dar-nos respostas mais válidas e satisfatórias face a estas temáticas. Porém, isto não quer dizer que neste livro apenas me remeto à descrição e divulgação do seu pensamento... Neste sentido, para além de contextualizar o seu pensamento face aos seus mestres, sobretudo, Unamuno e Ortega y Gasset, também indicarei os limites que, no meu parecer, se podem encontrar no seu pensamento.Após esta introdução, convido-o a descobrir como Marías concebe a afetividade na pessoa humana, particularmente com relação às temáticas anteriormente evidenciadas, e, simultaneamente, como a educação afetiva é imprescindível na pessoa humana a fim de garantir-lhe esta sua autorrealização.